Ações Culturais: gestão da informação
Entre o conjunto de ações culturais que o Governo precisa
adotar, com atraso de décadas, está a de apresentar uma política estadual de arquivos. Mas do que isso, o governo precisa
elaborar uma política de administração de documentação e da informação. Nenhum
governo, estenda-se a afirmação para o país como um todo, em tempo algum de
nossa história, salvo em raras exceções, teve uma preocupação com a implantação
de uma gestão de documentos. Não temos essa preocupação em nenhuma das esferas,
federal, estadual e municipal. Não por falta de entendimento, nem por falta de
conhecimento ou de domínio de tecnologia da informação, pois estamos bem
supridos em todos os campos, temos soluções domésticas de alto nível.
A situação é de um descaso perigoso, embora compreensível,
pois uma boa gestão de documentos, implicará numa maior transparência das ações
dos gestores da coisa pública, e, como sabemos, transparência é algo temido no
Brasil. Se se pode dificultar porque facilitar...
Mas, a produção documental é a prática diária dos governos.
O volume de documentos produzidos, dia a
dia é quilométrico, como se pode imaginar que se pode desconsiderar a
importância de uma boa gestão dessa produção? Sabemos que a História das
sociedades, a muito,
que é feita tendo como referência a noção de informação documental –
entendendo como documento o seu significado mais amplo, textual, fonográfico,
imagético-, então, como os governos podem trabalhar com a ideia simplista de
que apenas mandando arquivar o ofício está garantida sua existência e
acessibilidade?
Os arquivos setoriais são inexistentes, ou quando existem
são ineficientes, inoperantes ou simplesmente não servem para nada. Pior,
quando um órgão é extinto, seu conjunto documental é deixado para trás, até que
uma mente iluminada tenha a ideia de dar um destino a documentação da
instituição extinta, mas quase sempre por se tratar de um estorvo e porque
necessita do espaço ocupado pelo monte de papéis velhos que ali se encontra. É
lamentável.
Pode se fazer muito e rapidamente resolver essa situação,
não se pode recuperar o que já foi perdido, mas se pode evitar a perda atual e
de agora em diante, mas as autoridades continuam a fazer-se de surdas, ou não
entendem o significado e a importância da questão. Pior para o povo.
Mas uma vez, como em outros segmentos, o problema não é a
falta de uma legislação. Nesse caso, já temos uma legislação abundante, muito
boa e que não deixa nada a desejar ao corpo legislativo dos centros mais
avançados como o Canadá e a Alemanha. Estudando e aplicando o direito
comparado, percebe-se que a legislação brasileira desde FHC até Lula, para a
gestão da documentação é pari passus com a legislação dos maiores centros e o
que falta é facilmente corrigível. Então o que falta? O de sempre: vontade
política.
É fato que a legislação do estado de Sergipe está
desatualizada ( 1978/79), mas, nada que não se resolva em pouco tempo, até
porque não se vai reinventar a pólvora, uma vez que a legislação federal já
aponta para onde a estadual precisa ir.
Por tudo isso, o Estado de Sergipe tem ficado
atrás de outros estados quando se trata de políticas públicas voltada para
gestão da informação. Para corrigir o rumo, precisamos: a- fazer uma revisão da
legislação estadual, adequando-a às modernas legislações que surgiram nos
últimos 20 anos; b- implantar o SIESAR – Sistema Estadual de Arquivo; c- Criar
a Comissão Estadual de Arquivos; d- transferir o Arquivo Público para a esfera
da administração, ou casa civil; e- por ultimo, elaborar a política estadual de
arquivos.
Aracaju,
março de 2011.
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